segunda-feira, 6 de agosto de 2012

É o preço que a gente paga



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Ser aceito é ótimo,
ser amado é excelente,
não estar sozinho é uma maravilha.
Porque a despeito do que possa se dizer
de que a gente TEM QUE se bastar e ser feliz,
a verdade, convenhamos,
é que todos queremos que TODOS nos amem,
nos gostem,

nos aprovem,
nos admirem,
nos convidem pras festinhas
(nem que seja para aquelas que a gente nem que ir),
sintam nossa falta,
nos achem maravilhosos.
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E aí a gente tem duas opções (três, na verdade):
ser a gente mesmo,
ser um êmulo em constante esforço
para agradar todo mundo,
ou despirocar e agredir todo mundo
porque já que não se pode juntar-se a eles,
vença-os pelo cansaço.
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Todas as opções têm vantages e desvantagens,
para si e para os outros, obviamente.
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Quando a gente é um agradador,
todo mundo te ama,
mas ama aquele êmulo que você inventou.
Você se sente amado,
mas sabe lá não tão no fundinho
que o que eles amam não é você,
é o seu esforço de agradar e, então,
você se sente amado,
mas não se sente;
não é abandonado,
mas sabe que se a máscara cair,
babaus...
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Quando a gente é um agressor,
todo mundo te odeia,
mas odeia a gente que você incorporou.
Você sabe que não te odeiam verdadeiramente,
odeiam o personagem que você criou
como seu anteparo,
como seu testa de ferro,
e pode viver com a secreta
(e confortável) sensação de que
SE te conhecessem de verdade,
gostariam de você.
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Neste caso há um puls a mais:
se algum doido amar você nessas circunstâncias,
bah, aí sim, é amor de verdade.
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Quando a gente consegue ser a gente mesmo,
não tem mentira atrás da qual se esconder.
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Quem te ama,
ama você,
quem não gosta de você
realmente não gosta.
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Isso é bom, mas é ruim
e é ruim mas é bom.
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As pessoas que te amam,
te conhecem,
sabem dos prós e contras,
estabelecem uma relação verdadeira e,
portanto,
mais difícil e mais fora do controle
(não é você que manipula,
que compra amor ou ódio,
é o outro que gosta
ou não gosta).
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As que não gostam de você não gostam
e pronto,
você tem que viver com isso.
Elas não vão te aplaudir,
te apupar,
te validar,
te apoiar.
Elas simplesmente não gostam de você
e muitas vezes vão deixar isso bem claro
e vai doer
(porque, lembra,
a gente quer que TODOS nos amem).
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Se você for exótico,
há quem vá achar você feio.
Se você é livre de espírito
e resolveu que vai ter várias experiências,
há quem vá dizer que você é promíscuo.
Se você adora ter papos cabeça,
vai ter quem ache você um chato.
Se você compartilhar suas angústias existencias,
vai ter quem ache você um deprimido chorão.
Se você for super sincero
e disser as verdades duela a quien duela,
vai ter quem te ache um mal educado.
E assim por diante.
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É o preço que a gente paga
para ser a gente mesmo,
o preço da desaprovação de alguns que,
a meu ver,
vale o amor verdadeiro de outros.

Basta conseguir fazer esta opção. 
 
By Mércia Muriel

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